Ela tem dez dias e já enfrentou tantas dificuldades que estar viva é um milagre.De quatro gatinhos,só ela sobreviveu.Os outros morreram depois que mamãe gata,sei lá por quais razões,abandonou a ninhada.O caseiro da fazenda,apesar de escutar os gatinhos gritar por dois dias,nada fez.Coisas de humanos que,com a Bíblia embaixo do braço,grande parte dela decorada de tanto repeti-la ,mas que não se apiedam diante do sofrimento de seres que dividem o planeta conosco.
O cachorro labrador de minha irmã, o Ramon,teve a compaixão que faltou ao caseiro,aqueceu e deu um banho (dentro das possibilidades cachorrísticas) na gatinha.
Fico admirada em olhar pra um bichinho que mede 15cm ,isso incluindo o rabinho,e tem 5cm de altura e ver nela tanta vontade de viver.Ela é menor do que a Floquinho,a hamster ,e bem mais magrinha.
Pense por um instante em todo o sofrimento que ela já passou:foi abandonada pela mãe,perdeu o calor dos irmãos,sobreviveu ao possível ataque de outros animais,pois estava num barracão,encontrou aconchego num cachorro ,e tem agora que se adaptar a uma casa desconhecida.Ela acha que sou sua mãe.O único barulho que a faz despertar é minha voz.Ela fica andando pela casa atrás de mim,e isso já gerou regras:
Caminhar olhando para o chão, não correr dentro de casa ,não deixar a porta sem tela,etc...
Estou dando leite num conta-gotas,ela segura com as duas mãozinhas.Ainda se atrapalha com as pernas traseiras,fica um andar esquisito,uma coisa mais fofa.
Assim é a Frajola,espero que ela vença essa batalha pela vida ,e se torne nossa companheira por muitos anos.
Deus está presente em cada ser vivo,nós humanos precisamos aprender a respeitar a vida.